Cartografia e fantasia desenvolvendo a cidadania e os raciocínios geográficos a partir das autorias infantis
Conteúdo do artigo principal
Resumo
As contribuições da Cartografia Escolar para o desenvolvimento do raciocínio geográfico e para a interpretação da espacialidade dos fenômenos são exploradas neste artigo, a partir de uma experiência com estudantes do ensino fundamental de uma escola pública municipal do Rio de Janeiro. Partimos dos referenciais da Teoria Histórico-cultural, da construção de mapas vivenciais e dos multiletramentos em cartografia, encaminhando a proposta na contramão da produção e do ensino de uma cartografia tecnicista, pretensamente objetiva, fundamentada em cálculos e convenções comprometidos com a ideia de precisão. Neste sentido, valoriza-se o espaço vivido, a subjetividade, a criatividade e autoria dos discentes, tal como, a fantasia e a ludicidade. A experiência consistiu na elaboração coletiva, colaborativa e itinerante de um mapa denominado “Continente fantástico" (fazendo referência à proposta de uma cartografia do fantástico), que “percorreu” as turmas de sexto, sétimo e oitavo ano de uma escola municipal localizada nas adjacências da favela da Maré, na cidade do Rio de Janeiro. Verificamos a produção de uma cartografia fantástica e de narrativas densas de espacialidade que comunicavam informações de um espaço geográfico real-ficcional não-estático, em construção, não-concluído. Portanto, a construção de cartografias fantásticas no âmbito de mapas vivenciais amplia as possibilidades de um ensino de Geografia comprometido com o desenvolvimento de uma cidadania crítica e ativa, que lança mão da imaginação para criar não apenas contos de ficção, mas, outros espaços – espaços para outras relações sociais – onde a autonomia e a participação podem florescer para a democracia.
Downloads
Métricas
Detalhes do artigo

Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution 4.0 International License.
A revista segue o padrão Creative Commons (CC BY), que permite o remixe, adaptação e criação de obras derivadas do original, mesmo para fins comerciais. As novas obras devem conter menção ao(s) autor(es) nos créditos.
Referências
ALMEIDA, Rosângela Doin de. Do Desenho ao Mapa: iniciação cartográfica na escola. São Paulo: Contexto, 2001.
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular, 2018.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia, escola e construção de conhecimentos. Campinas, SP: Papirus, 1998.
GIRARDI, Gisele. Mapas alternativos e educação geográfica. Revista PerCursos, Florianópolis, v.13, n.02, pp.39-51, 2012.
HARVEY, David. Espaços de esperança. 4ª edição, São Paulo: Edições Loyola, 2011.
LOBATO, Rodrigo Batista; SILVA, Giovani Codeça. Cartografia e literatura: entre mapas e narrativas. Revista Humanidades e Inovação, v.7, n.22, 2020.
LOPES, Jader Janer Moreira; COSTA, Bruno Muniz Figueiredo; AMORIM, Cassiano Caon. Mapas vivenciais: possibilidades para a Cartografia Escolar com as crianças dos anos iniciais. Revista Brasileira de Educação em Geografia, Campinas, v.6, n.11, pp.237-256, 2016.
LOPES, Jader Janer Moreira; MELLO, Marisol Barenco de; BEZERRA, Amélia Cristina Alves. Traçando mapas: a teoria histórico-cultural e as contribuições para a pesquisa com crianças e suas espacialidades. Fractal: Revista de Psicologia, v.27, n.1, pp.28-32, 2015.
NUNES, Rafael da Silva. Por uma cartografia fantástica: as representações do “não mundano”. GeoPUC, Revista da Pós-Graduação em Geografia da PUC-Rio, Rio de Janeiro, v.9, n.16, pp.64-81, 2016.
SEEMANN, Jorn. Subvertendo a cartografia escolar no Brasil. Revista Geografares, n.12, pp.138-174, 2012.
SEEMANN, Jorn. Entre mapas e narrativas: reflexões sobre as cartografias da literatura, a literatura da cartografia e a ordem das coisas. Revista Ra’e Ga, Curitiba, v.30, p.85-105, 2014.