A MULHER E A CERVEJA: um olhar para o reconhecimento feminino na história da bebida

Autores

  • Eddy Ervin Eltermann
  • Klayton Charles Filippi

Palavras-chave:

Cerveja, História, Mulher, Estudo Bibliográfico

Resumo

A criação da cerveja no mundo teve sua origem na China e Mesopotâmia, datada de 5000 a.C. e estabelecida como um processo espontâneo, ocorrido ao acaso, a partir do esquecimento de alguns produtos que fermentaram naturalmente e possibilitaram a experimentação daquele líquido. Assim, o presente estudo tem como objetivo a percepção histórica da participação da mulher no processo de desenvolvimento da cerveja. Para isso, fez-se uma pesquisa bibliográfica, utilizando os principais autores sobre temas relacionados à cerveja no Mundo e no Brasil e, a partir de seus estudos históricos, trazer à tona o debate em torno da mulher cervejeira. Assim, neste primeiro processo, as mulheres foram fundamentais na descoberta, haja vista que o preparo de alimentos se constituía pelo trabalho feminino. Como não tinham o conhecimento desta transformação, atribuíam este fenômeno como algo divino, algo proveniente de um milagre. Dentre algumas divindades homenageadas tem-se, por exemplo, a Deusa Ninkasi, a deusa Deméter e a Deusa Ceres. Esta, em especial, inicialmente cedeu seu nome à bebida onde foi batizada de cerevisiae, o que daria a origem ao nome como a conhecemos atualmente. Ainda, na relação com a mulher cervejeira, a Monja Beneditina alemã Hildegarda de Bingen (1098-1179) no ano de 1150 relata em seu livro Physica os primeiros registros científicos do uso do lúpulo na cerveja. Com os turbulentos anos da inquisição da igreja na Europa, a mulher cervejeira passa a ser acusada de bruxaria e, tendo em vista que os homens já estavam bastante interessados na comercialização do produto, vislumbravam a tomada da produção que era feita, quase que em sua totalidade, por mulheres. A partir daí, e cada vez mais, a mulher foi sendo desprovida do espaço até praticamente desaparecer deste meio laboral. Seu retorno, de forma bastante lenta, dá-se, principalmente, com o início da Primeira Guerra Mundial, exclusivamente para abastecer os exércitos com a bebida. A partir disso, o meio passa a se deparar com algumas mulheres no meio cervejeiro, mas ainda distante de um ideal para o que se espera em uma sociedade igualitária. Entende-se que as mulheres têm dificuldades de se auto afirmar nesse meio, devido ao machismo estrutural presente na sociedade, e por via de regra sentem a necessidade de mais apoio a fim de poder provar seu real valor neste mercado. Dessa forma, pode-se concluir que no contexto do mercado cervejeiro, as mulheres não estão totalmente inseridas, e tampouco tem a facilidade de serem aceitas, de pertencer ao meio e até de se expressar em uma sociedade que não enxerga a mulher como uma cervejeira está plenamente constituída.

Publicado

2023-11-10